Conteúdo Extra - Página 109

CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE OS LUCROS DA EMPRESA E O SEU PREÇO​

Veja a seguir alguns exemplos que mostram que a cotação das ações segue o lucro das empresas no longo prazo. A linha laranja representa os lucros e a linha azul ilustra o preço da ação num período de 10 anos, entre 2009 e 2019.

O Banrisul valorizou 1.369%, o mesmo que multiplicar por 14,6x o seu capital.

As Lojas Renner subiram 4.292%, o mesmo que multiplicar por 43,9x o seu investimento.

A Estácio subiu 1.320%, o mesmo que multiplicar por 14,2x o seu investimento.

A Guararapes valorizou 1.316%, o mesmo que multiplicar por 14,1x.

A SulAmérica subiu 1.983%, o mesmo que multiplicar por 20,8x.

O Banco ITAÚ subiu 856%, igual a multiplicar por 9,6x.

A WEG valorizou 885%, igual a multiplicar por 9,8x.

A COMGAS subiu 977%, igual a multiplicar por 10,7x.

O BANCO ABC subiu 1.136%, o mesmo que multiplicar por 12,3x.

A FERBASA valorizou 912%, o mesmo que multiplicar por 10,1x.

A SANEPAR cresceu 2.992%, o mesmo que multiplicar por 30,9x.

Estes foram apenas alguns casos. Existem muitos outros que eu poderia mostrar aqui. E claramente, você não vai depender do desempenho de uma única empresa, você vai diversificar, mas isso é assunto para outro dia.

Conteúdo Extra - Página 150

EM QUANTO TEMPO VOCÊ IRÁ ATINGIR A LIBERDADE FINANCEIRA

A seguir, constam algumas simulações do tempo que levaria para você atingir a liberdade financeira, considerando uma margem de segurança de 15 vezes, que representa um rendimento esperado de 6,6% ao ano, conforme expliquei no livro Fique Rico Investindo de Maneira Simples.

TABELA - RENTABILIDADE REAL VS TAXA DE ECONOMIA

No eixo vertical está a rentabilidade real estimada (que é diferente do rendimento de dividendos), já descontada a inflação. No eixo horizontal está a taxa de economia pessoal. Os valores dentro da caixa preta são prazos razoáveis que você pode esperar para atingir a liberdade financeira, ou seja, de 9 a 30 anos, com uma média de 17 anos. 

 

Agora, vamos analisar essa tabela e entender por que eu considerei apenas os valores dentro da caixa preta como prazo aceitável para atingir a liberdade financeira.

 

  1. Todos os valores com uma rentabilidade real acima de 11% foram excluídos, porque é difícil obter uma rentabilidade real a partir de 12% no longo prazo.
  2. Os valores com uma taxa de poupança a partir de 55% foram excluídos, não porque seja difícil alcançar essa taxa, mas porque acredito que ter essas taxas de economia prejudica o seu padrão de vida hoje. Mas se você se sentir confortável poupando 70% do que ganha, ótimo! Você vai atingir a liberdade financeira mais rápido e com um padrão de vida muito melhor no futuro.
  3. Já os valores com rentabilidade real abaixo de 9% foram excluídos porque é uma rentabilidade muito baixa a se esperar de quem investe em ações com horizonte de longo prazo.

E veja só que interessante esse ponto. No passado, era até possível alcançar a liberdade financeira somente investindo em renda fixa, já que os juros no Brasil costumavam ser bastante elevados – perceba que em 2003 eles chegaram a 25% ao ano, e em 2016 estavam próximos de 15%. Só que essa não é mais a realidade atual. Note como a taxa de juros vem caindo ao longo dos últimos anos. No momento em que preparo este material, a taxa Selic está na mínima histórica: 3,75%. E a tendência é que esse valor permaneça nesse patamar por bastante tempo.

E considerando que a inflação brasileira está entre 3% e 4% ao ano, o juro real da renda fixa ficará negativo. Isso significa que você vai perder poder de compra ao deixar todo seu dinheiro na renda fixa. Se, no passado, era possível juntar um belo patrimônio apenas na renda fixa, hoje isso não é mais uma opção. Agora vamos voltar à taxa de economia pessoal. 

Veja, na tabela, como a taxa de economia é o fator mais importante para atingir a liberdade financeira. Por exemplo: imagine que você tenha uma taxa de economia pessoal de 20% e uma rentabilidade real de 3%. Pela tabela, você demoraria 35 anos para atingir a liberdade financeira. Agora, se você dobrar a sua taxa de economia de 20% para 40%, esse tempo é reduzido para 17 anos. Por outro lado, se você dobrar a rentabilidade de 3% para 6%, esse tempo será reduzido para apenas 26 anos. Assim, veja que aumentar a taxa de poupança é mais importante do que aumentar a rentabilidade para atingir a liberdade financeira mais rapidamente. E isso é ótimo! Porque você não tem controle sobre a rentabilidade dos seus investimentos, mas tem total controle sobre as suas finanças pessoais. Assim, você pode ajustar o seu orçamento para comportar uma taxa de economia maior. 

 

Por fim, gostaria de deixar aqui um insight relevante sobre o padrão de vida desejado na liberdade financeira ou aposentadoria. De nada adianta você ter uma boa margem de segurança no seu patrimônio se a renda que ele gera não lhe dá o padrão de vida que gostaria. Ou seja, você pode se aposentar em 15 anos recebendo R$ 3 mil ou R$ 30 mil por mês. Por isso, é fundamental focar no seu trabalho, para que você consiga ganhar mais hoje, gastar mais hoje, e ganhar mais no futuro, conseguindo ter um padrão de vida melhor tanto no presente quanto no futuro.

 

Sempre que trato de explicar acumulação de patrimônio com o objetivo de geração de renda passiva, me vem à memória uma breve história que aconteceu na minha família. Quando eu tinha 4 anos, a gente se mudou para uma casa que tinha um quintal enorme nos fundos. Logo que nos mudamos, minha mãe plantou uma muda de goiabeira. 

 

Até a goiabeira crescer o suficiente para dar frutos, lembro que minha mãe cuidou daquela pequena árvore com todo carinho – regando, adubando, podando os pequenos galhos para crescer com mais vigor. E isso levou mais ou menos 3 anos, até a goiabeira ficar grande o suficiente para começar a dar as primeiras goiabas. Mas depois que começou, não parou mais.  

 

Tenho ótimas lembranças de que todo ano aquela goiabeira enchia de goiabas ao ponto de a gente não conseguir dar conta. Era tanta goiaba, que minha mãe costumava dar uma parte pra minha tia e outra pra minha avó. Até os vizinhos ganhavam umas goiabas de vez em quando – e mesmo assim não era suficiente! Por isso minha mãe costumava congelar uma parte e durante todo o ano a gente tinha goiabas para fazer sucos, doces e sobremesas. E essa abundância toda durou cerca de 22 anos, até que derrubaram a goiabeira para colocar uma piscina no quintal. Se não fosse por isso, é provável que até hoje ela estaria dando muita goiaba todo ano. 

 

Hoje eu consigo ver o quão semelhante é a ideia de colher goiabas e receber dividendos. O fato é que muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais a plantar um pé de goiabeira. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e, às vezes, não vê nada por meses ou anos. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo a sua goiabeira, a sua hora vai chegar, e com ela virão os frutos que você tanto esperava. E se você fez a coisa certa, poderá usufruir destes frutos por uma vida inteira.

Conteúdo Extra - Página 173
SIMULAÇÃO:
QUANTO UM INVESTIDOR TERIA EM 2019
SE TIVESSE INVESTIDO R$ 15 MIL EM 2002

 

Veja quanto um investidor teria em agosto de 2019 se tivesse aplicado R$ 15 mil reais em algumas ações de boas empresas em janeiro de 2002. Ou seja, um período de 17 anos.

Nas ações das Lojas Renner, os R$ 15 mil teriam se transformado em R$ 1.408.000. Nas ações da CCR, teria alcançado R$ 482 mil. Agora, veja que se esse mesmo investidor tivesse escolhido investir na renda fixa, considerando 100% do CDI: os R$ 15 mil teriam virado apenas R$ 120 mil. 

 

E isso nos leva ao próximo ponto relacionado a um dos princípios mais poderosos do Método KISS: investindo regularmente em ações de boas empresas, você pode acumular grandes fortunas no longo prazo. 

 

Veja quanto o nosso investidor do exemplo anterior teria acumulado se tivesse, além dos R$ 15 mil iniciais, aplicado todo mês o valor de R$ 1.000 reais nas mesmas ações que citei.

Nas ações das Lojas Renner, ele teria acumulado R$ 7,1 milhões. Nas ações da Weg, o valor final teria sido de R$ 3,7 milhões. Nas ações da Ferbasa, teria sido de R$ 2,7 milhões. Nas ações da Hering, esse valor seria de R$ 5,5 milhões. Nas ações da Itaúsa, esse valor chegaria a R$ 2,2 milhões. E por fim, nas ações da CCR, teria alcançado R$ 2,4 milhões.

 

Veja que são valores que podem transformar drasticamente a sua vida financeira e de toda a sua família. E se tivesse escolhido investir na renda fixa pagando 100% do CDI, os R$ 15 mil iniciais mais os R$ 1 mil por mês teriam virado somente R$ 725 mil. Claro, não é um valor ruim, mas muito abaixo do que foi atingido com ações de boas empresas.

 

Apesar dessas valorizações expressivas de ações, veja aqui o que diz o mais bem-sucedido investidor do mundo sobre o que pessoas comuns podem esperar de investir regularmente no mercado de ações:

 

Warren Buffett: “Recomendo que não observem o mercado tão de perto. Comprem ações de empresas boas e continuem comprando ao longo do tempo. Certamente se darão bem daqui a 10, 20 ou 30 anos. Se estiverem comprando e vendendo ações e se preocupando quando elas caírem e acabarem vendendo quando subirem, não terão grandes resultados. O dinheiro é feito investindo em boas empresas durante longos períodos de tempo. É isso que as pessoas deviam fazer com as ações. Todas são pequenas partes de negócios. E bons negócios costumam ir bem no longo prazo.”

 

Veja que o mito de que investir em ações é apenas para quem já tem muito dinheiro não faz sentido. Na verdade, é justamente para quem quer ter muito dinheiro.

Conteúdo Extra - Página 207

OS CONFLITOS DE INTERESSES DENTRO DO MERCADO FINANCEIRO

Atualmente, vejo que existem 4 grupos principais que geram conflitos de interesses ao longo da sua jornada como investidor. São eles: as corretoras, representadas pelos agentes autônomos; as casas de análise, representadas pelos analistas de investimentos; os grandes bancos, representados pelos gerentes bancários; e, por fim, os influenciadores digitais, representados pelos blogueiros e Youtubers. Alguns têm mais, outros têm menos conflitos de interesses, mas todos têm incentivos distintos quando lidam com os investidores.

AGENTES AUTÔNOMOS

As corretoras são as empresas responsáveis por prestar o serviço de intermediação entre você, investidor, e a bolsa de valores. Essa é a principal função dela. Ponto.

 

Mas como a corretora é remunerada por este serviço? É bem simples. Toda vez que você compra ou vende ações, você paga uma taxa de corretagem por esta operação. Essa taxa é a receita da corretora. Mas não é única receita dela. Além disso, hoje em dia, as corretoras também distribuem outros produtos financeiros, tais como: fundos de investimentos, CDBs, Fundos imobiliários, Títulos Públicos, etc. E são remunerados também quando oferecem estes produtos aos clientes.

 

A seguir há um exemplo real de como a taxa de corretagem é cobrada. Nesta nota de corretagem, o investidor em questão comprou 40 ações da B3 no mercado fracionário, 100 ações do Banrisul no mercado à vista, e outros fundos imobiliários. Perceba na nota que o valor líquido das operações somou um total de R$ 3.118,12, mas o total da negociação, com todos os custos, chegou a R$ 3.130,50. Isso quer dizer que os custos de transação foram de R$ 11,53.

Apenas uma observação: em geral, não é cobrada corretagem sobre fundos imobiliários, então quer dizer que esse investidor teve um custo de R$ 11,53 para duas ordens, a B3 e a Banrisul. Isso significa que esse investidor pagou R$ 5,73 por ordem.

A princípio pode parecer pouco, mas imagine se esse investir repetisse essa mesma operação todos os dias, comprando e vendendo ações. Em um mês com 22 pregões, ele teria gasto R$ 252 para realizar essas transações. Agora, pense no investidor que segue o Método KISS e realiza uma operação semelhante à do exemplo uma vez por mês.  Ele teria um custo mensal de apenas R$ 11,53, um valor muito pequeno frente ao montante investido, que foi um pouco mais de R$ 3.130. 

Como você viu, a corretagem é um pedágio para comprar ou vender uma ação. E repare que a cobrança da corretagem não depende do resultado do investimento. Se o cliente irá lucrar ou não com suas ações é irrelevante. A corretagem é cobrada mesmo assim. Isso significa que a corretagem é paga mesmo se você tiver prejuízo.

Veja que, para a corretora, o maior interesse não é, necessariamente, que você ganhe dinheiro com ações, mas sim que você gire o seu patrimônio, que você fique comprando e vendendo ações com bastante frequência.

Se ainda resta alguma dúvida, assista o filme O Lobo de Wall Street, que exemplifica esse conflito de interesses com muita clareza. Ele ensina ótimas lições sobre o risco de se deixar levar por promessas de profissionais mal-intencionados do mercado financeiro. 

E para você entender quem são esses profissionais, você tem que saber quem é o assessor de investimentos, ou agente autônomo de investimentos, um profissional vinculado a uma corretora de valores e que responde por essa instituição. Sempre que você abrir conta em uma corretora, você terá um assessor responsável, como se fosse o gerente da sua conta no banco. Legalmente, esse profissional é obrigado a ter uma certificação junto a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

O agente autônomo de investimentos é responsável por prospectar e captar clientes e prestar informações sobre os produtos distribuídos pela corretora. O agente autônomo de investimentos, assim como a corretora, também possui conflito de interesses com você, porque ele recebe uma comissão sobre o valor da corretagem paga pelo investidor ou então sobre os outros produtos distribuídos, como fundos de investimentos, debêntures, operações estruturadas, COE¹, novas emissões de fundos imobiliários e diversos outros produtos.

Pense no agente autônomo de investimentos como um corretor de ações que trabalha para a corretora. A remuneração desses profissionais, portanto, funciona como a comissão de corretagem que recebem os corretores de imóveis que trabalham para uma imobiliária. 

Isso quer dizer que o agente autônomo de investimentos, assim como a corretora, também quer que você negocie ao máximo suas ações. Não quero dizer que ele seja uma má pessoa, longe disso. A questão é que você e o seu assessor não conseguem ganhar juntos na mesma proporção.

¹ COE é a sigla para Certificado de Operações Estruturadas, um produto financeiro disponível para investidores de varejo que combina aplicações de renda fixa e renda variável. Ao investir em um COE, você está aplicando seu dinheiro, em grande parte, em renda fixa, e uma pequena parcela em ativos de renda variável que apresentam potencial de retorno mais expressivo. Alguns COEs têm como uma das principais características o capital protegido. Isso significa que o investidor receberá de volta no mínimo o investimento inicial. Por outro lado, também existe um limite de ganhos. Normalmente os COEs têm um prazo definido que varia entre 1 a 5 anos, o que impede o investidor de resgatar o dinheiro antes do prazo.

RELATO

Eu tenho um relato bem triste de um amigo que confiou cegamente em um assessor. Em 2013, ele montou uma carteira de investimentos seguindo à risca tudo o que o assessor recomendou. Ele colocou uma economia de R$ 30 mil, o que não era todo dinheiro dele, mas era uma grana que iria servir para o futuro. 

 

Esse meu amigo só investiu nos produtos indicados pelo assessor. Depois ele descobriu que eram justamente os produtos que mais geravam comissões para o profissional. Isso incluía COE, debêntures e uma compra e venda desenfreada de ações. Um detalhe importante é que esse meu amigo era amigo do assessor. 

 

Ao final de 2019, ele me mostrou o saldo na corretora: apenas R$ 500. Mas como isso aconteceu? Primeiro, o processo de compra e venda de ações gerou muito custo com corretagem e a maioria das operações fechou no prejuízo. O COE que ele possuía foi resgatado no meio do caminho para tentar recuperar o prejuízo com as ações, o que claramente não funcionou. 

 

Já a debênture, um investimento de renda fixa, simplesmente virou pó. Como assim? Eram as debêntures das rodovias Tietê, que geravam uma comissão de 6% do valor investido para a corretora. Além disso, a empresa emissora da debênture faliu e não pôde honrar com os seus compromissos financeiros frente aos debenturistas. Não preciso nem dizer que a amizade entre esse meu amigo e o assessor acabou. Claro, esse caso não é comum, mas acontece. E hoje as comissões para os assessores de investimentos reduziram muito, mas eu conto essa história só para reforçar que todo cuidado é pouco.

Sinceramente, tudo isso já melhorou muito de uns anos pra cá. Naturalmente, em algum momento vai haver uma convergência maior de interesses; isso faz parte do desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro. De toda forma, é muito importante que você tome cuidado.

 

O investidor inexperiente é muitas vezes levado pelo seu assessor a negociar suas ações freneticamente. O resultado desse comportamento é um custo alto com corretagem, que na grande maioria das vezes não é compensado com um retorno adequado. Assim, o investidor acaba perdendo muito dinheiro e abandona o investimento em ações. Vou mostrar novamente este gráfico que mostra o retorno depois das taxas de corretagem nas colunas pretas.

 

Quanto mais para a direita, mais vezes o investidor está comprando e vendendo ações.  Como diria Michael Jenson, Professor de Finanças em Harvard, “A única coisa que investidores comuns conseguem realizando muitas operações é deixar seus corretores mais ricos.”

 

E Warren Buffett completa: “Nunca pergunte a um barbeiro se você precisa cortar o cabelo”. Perceba que o assessor e a corretora simplesmente ganham pelo que eles fazem, e não pelo quão bem fazem seu trabalho. 

Como o Investidor KISS deve lidar com a corretora e os agentes autônomos?

Ele deve considerar seus serviços apenas no aspecto de auxílio em questões operacionais e esclarecimentos técnicos. Mas não deve seguir as indicações de outros produtos financeiros, porque na metodologia KISS você irá investir somente em ações e títulos públicos federais.

CASAS DE ANÁLISE – ANALISTA DE INVESTIMENTOS

Agora vamos tratar das casas de análise, representadas pelos analistas de investimentos. Essas empresas, também conhecidas como casas de research, atuam oferecendo recomendações de investimentos aos seus assinantes. Atualmente, elas são muito populares, e com certeza você terá contato com várias delas ao longo de sua jornada de investidor.

Bom, e como elas são remuneradas? Basicamente, sua receita é oriunda da venda de assinaturas de relatórios de recomendação de investimentos. Mas onde está o conflito de interesses? Não existe um conflito de interesses explícito, já que a casa de análise não ganha comissão sobre os produtos recomendados. Se eles indicarem bons investimentos e você, cliente, ganhar dinheiro, você fica feliz e continua pagando os serviços deles, certo?

Pois bem, na teoria faz sentido, mas na prática não funciona bem assim. E o motivo tem relação com uma característica intrínseca ao ser humano, que é o desejo de obter gratificação imediata. Ou seja, os clientes das casas de análise são imediatistas e acreditam que com as dicas dos analistas terão resultados rápidos, em curto prazo. É aí que se esconde uma tremenda disfunção das casas de análise. Como a fonte de receita dos analistas e da casa de análise é oriunda da venda de relatórios, o estímulo que eles possuem é buscar novas indicações de investimentos com grande frequência, mesmo que elas não existam de fato ou não façam muito sentido. Isso pode acabar fazendo com que a casa de análise recomende algo só para cumprir tabela, ou seja, apenas para agradar as exigências dos assinantes.

E esse é um comportamento compreensível, afinal, como eles são pagos para dizer algo, eles precisam ter algo para dizer – todos os dias. Pense comigo: quem pagaria um serviço de indicações de investimentos para lhe dizer o óbvio? Ou para dizer que não há nada a ser feito? Nesse caso, o assinante ficaria apenas um mês e cancelaria a assinatura, concorda?

Quando você é “obrigado” a dizer algo sempre, você corre o risco de entregar aconselhamentos equivocados só para satisfazer o desejo de curto prazo dos clientes – só porque os clientes cobram uma atitude, algo novo ou uma mudança de estratégia, quando, na verdade, em muitos casos a melhor estratégia é se manter fiel à estratégia inicial e continuar fazendo mais do mesmo. 

A consequência dessa disfunção é um problema comum que impacta diretamente você, pequeno investidor individual. Essa ideia de ficar pulando de galho em galho, trocando de investimentos a toda hora, só reforça minha tese de que a indústria financeira quer ver você girando seu patrimônio. É assim que ela ganha dinheiro e justifica seu trabalho.

 

Por exemplo: recentemente vi uma casa de análise famosa recomendar fortemente a compra de ações num mês e no outro recomendar a compra de dólar e ouro. Também já vi casa de análise mudar carteiras recomendadas todo mês, o que, na metodologia KISS, não faz sentido, já que você irá investir com horizonte de longo prazo. É a mesma coisa que ficar trocando de pista na estrada. É super estressante e arriscado, e você acaba não tendo vantagem significativa ao fim da viagem. Na bolsa é ainda pior, porque você perde dinheiro pagando corretagem, imposto e spread de compra e venda. 

 

Como o Investidor KISS deve lidar com essas empresas? Você pode considerar suas recomendações como um complemento às suas avaliações, como mais uma fonte de informação – mas nunca seguir cegamente sem fazer uma análise crítica.

BANCOS – GERENTE DO BANCO

O próximo grupo relevante é o dos grandes bancos, representados pelos seus gerentes. Basicamente, o banco trabalha com dinheiro. Esse é o produto dele. Ele ganha dinheiro negociando dinheiro. E o preço do dinheiro são os juros. Logo, ele ganha dinheiro captando dinheiro barato (juro baixo) e emprestando mais caro (juro alto). Isso é o que chamamos de spread bancário.

 

E qual é o conflito de interesse do banco em relação aos investimentos? Bom, antes de responder, preciso contextualizar. O negócio principal do banco não são os produtos de investimentos, mas sim os produtos bancários, tais como cheque especial, financiamento, títulos de capitalização, etc. Por essa razão, os produtos de investimentos oferecidos pelos grandes bancos são, em sua maioria, ruins para os investidores individuais, por dois motivos: altas taxas e baixo retorno. Por exemplo: CDB que paga 80% do CDI ou um fundo DI que cobra taxa de administração de 3,5% ao ano. 

 

Diante desse cenário, nós temos o gerente do banco responsável pela sua conta. Ele é um funcionário do banco e atende aos seus interesses em primeiro lugar. Na prática, o gerente é um vendedor dos produtos do banco, e a remuneração dele é atrelada às comissões que ele recebe dos produtos que vende para você. Aí é que está o grande conflito de interesses nessa relação. Muitas vezes, esses profissionais recomendam determinados produtos de investimentos apenas para garantir esse bônus, enquanto existiriam melhores opções para você fora da instituição financeira.

 

Lembre-se: qualquer profissional que tenha metas de venda, ou que receba boas comissões na venda de produtos financeiros, terá grande interesse em vender produtos que nem sempre são os mais adequados ao perfil dos seus clientes.

INFLUENCERS DIGITAIS – YOUTUBERS

Agora quero falar do último grupo que pode oferecer algum conflito de interesses com você: os influenciadores digitais, representados pelos blogueiros e youtubers. Hoje em dia eles são muito populares e costumam ter uma audiência enorme. Eles produzem bastante conteúdo e têm um poder de influência relevante. A seguir elenquei alguns pontos a serem destacados sobre esse grupo:

 

  1. Existem aqueles que obtêm receita de propagandas. Com isso, a remuneração oriunda de anúncios gera o incentivo ao aumento da audiência a qualquer custo, mesmo que seja falando bobagem, criando polêmicas desnecessárias ou passando informações equivocadas. Por esse motivo, eles têm opinião para tudo, já que o objetivo é serem encontrados facilmente nos mecanismos de busca da internet.

 

  1. É fato que alguns recebem patrocínio de grandes instituições financeiras, como bancos e corretoras, gerando conflito de interesses por promover apenas os produtos e serviços do patrocinador. É lógico. 

 

  1. Como criar um blog, conta no Instagram ou canal no Youtube é bastante simples e fácil, qualquer pessoa pode começar a dar dicas de investimentos nas mídias sociais. Isso dá margem para que surjam pessoas sem o devido conhecimento ou formação adequada para auxiliar outras pessoas a investir. E hoje já existem muitos por aí com este perfil.

 

  1. Grande parte deles não tem um negócio de verdade. Não são uma empresa constituída com um objetivo claro. Não tem funcionários e muito menos um ambiente físico de trabalho. Logo, eles não têm o devido compromisso e responsabilidade com os seus seguidores.  

 

  1. Como esses influenciadores falam de investimentos, mas ganham dinheiro através de outros meios, eles acabam passando a falsa impressão de que enriqueceram graças aos investimentos – o que não é verdade. Isso leva os desavisados a acreditar que também podem enriquecer rapidamente, o que não passa de uma tremenda mentira quando se trata somente de investimentos no mercado financeiro. Ora, em meia dúzia de anos ninguém fica realmente rico com investimentos. Você já sabe disso.

 

  1. Como o objetivo principal é chamar a atenção e não necessariamente entregar valor para a audiência, os conteúdos divulgados nas mídias tendem a ser superficiais e não agregam a transformação necessária para formar bons investidores. 

 

Por exemplo: Já vi youtuber de canal grande recomendar o investimento em fundo imobiliário como reserva de emergência, e outro indicar fundo de crédito privado também para reserva de emergência. E ainda já vi outro afirmar que investia 100% do capital em ações. Não que ele não possa fazer isso, mas, se colocado fora de contexto, pode induzir as pessoas a fazer besteira com seu dinheiro.

 

E como você, Investidor KISS, deve lidar com esses influencers digitais?  Bom, antes de qualquer coisa, não vou ser hipócrita. Eu também tenho um canal no Youtube e ajudei e formei muitos alunos que me conheceram por lá. Na minha opinião, esse grupo tem um papel relevante no mercado. Eles ajudam a despertar o interesse das pessoas comuns para o mundo dos investimentos, apresentando as tendências e o que está acontecendo no mercado. Apesar disso, não recomendo seguir suas recomendações, porque isso pode atrapalhar sua caminhada rumo à liberdade financeira dentro da metodologia KISS. Lembre-se: o nosso método é para ser simples, fácil e seguro. Portanto, cuidado para não ser influenciado negativamente por este grupo de blogueiros e youtubers.

 

Antes de finalizar essa parte, preciso deixar uma coisa bem clara. Não estou afirmando que as corretoras, os assessores, as casas de análise, os gerentes bancários e youtubers são pessoas antiéticas. A maioria não é. São pessoas que estão trabalhando, têm família e têm sonhos, assim como eu você. 

 

Mas pessoas boas e bem-intencionadas também possuem interesses próprios. Vimos apenas os principais conflitos de interesses que podem existir dentro do mercado financeiro. Na verdade, existem vários outros. A lição que fica é que você deve lidar com cada um desses profissionais de forma diferente, sempre procurando se cercar de pessoas e instituições sérias e idôneas. O meu objetivo é que você enriqueça, e não a corretora, os assessores, os analistas ou os bancos.

 

E para que consiga enriquecer, você não pode seguir recomendações de investimento cegamente. A melhor pessoa para cuidar do seu dinheiro é você mesmo. Com base nisso, preparei uma tabela que dá algumas sugestões do que fazer ao lidar com cada um desses profissionais:

Conteúdo Extra - Página 230
MÉTODO KISS APLICADO ÀS AÇÕES – TESTES COM EXEMPLOS REAIS DE AÇÕES LISTADAS EM BOLSA

No primeiro teste, a ideia foi realizar uma disputa entre um investidor adepto do método KISS aplicado às ações e outro investidor que investe apenas em renda fixa. Para isso, selecionei 5 ações de empresas de setores diferentes que atendiam aos critérios de qualidade exigidos pelo método KISS, e tomei o cuidado de selecionar apenas as empresas que, na maior parte do tempo, atendiam aos critérios lá em 2004 e que continuaram mantendo esse nível ao longo de 15 anos, até 2019. 

 

Isso significa que estamos lidando com um cenário realista para o investidor KISS, aquele em que se investe somente em ações de boas empresas durante um longo período de tempo e se mantém posicionado nelas.

 

Com essas ações, apliquei uma simulação de aportes mensais de R$ 1 mil ao longo de 15 anos, comparando com um investidor que tivesse investido somente em renda fixa. O nosso objetivo aqui é observar a diferença final de patrimônio atingido, bem como a renda passiva potencial no fim do período para cada investidor.

 

Vou mostrar a simulação em etapas. Primeiro vamos verificar o resultado final para cada ação específica.

 

O investidor KISS que tivesse aplicado R$ 1 mil por mês nas ações da Ambev teria acumulado R$ 752 mil ao final de 15 anos. Nas ações do Banco do Brasil, teria acumulado R$ 811 mil. Nas ações da Klabin, teria reunido R$ 917 mil. Nas ações da Lojas Americanas, somaria R$ 976 mil. Por fim, nas ações da Transmissão de Energia Paulista, teria acumulado R$ 1.115.566. 

Bom, mas sabemos que o investidor KISS não investe somente em uma única empresa. Ele diversifica entre empresas de setores diferentes. Então, para que a simulação seja o mais fiel possível, vamos considerar que o investidor KISS dividiu os aportes nas 5 ações. Nesse caso, ele teria acumulado R$ 914.704 em 15 anos.

 

Enquanto isso, aquele que investiu somente na renda fixa teria acumulado R$ 264 mil. Veja que o resultado do investidor KISS é 246% superior ao do investidor que ficou somente na renda fixa.

 

Agora, veja que interessante. Como você aprendeu na Parte 1 do livro, o investidor KISS prioriza a dedicação ao trabalho ao invés de se especializar nos estudos das ações. Logo, ele consegue ganhar mais dinheiro e aportar mais mensalmente.

 

Então, veja só o resultado para o mesmo investidor da nossa simulação, se ele tivesse aportado R$ 2 mil e R$ 3 mil todos os meses nesta carteira de 5 ações de setores diferentes. Para quem aportou R$ 2 mil, o patrimônio final teria sido de R$ 1.829.408. E para quem aportou R$ 3 mil por mês, esse valor seria de R$ 2.744.112.

 

Para finalizar nossa simulação, vamos ver qual seria a renda passiva potencial de cada um dos investidores. Para fazer essa estimativa, utilizei uma faixa de 4 a 6% ao ano de rendimento em dividendos.

Veja que os valores de renda passiva mensal já são significativos, mesmo no caso do investidor que aplicou R$ 1 mil por mês. Claro, isso é apenas uma simulação e sabemos que existem diversas variáveis envolvidas aqui. Temos a variável tempo, o retorno esperado das ações, o valor do aporte, que pode ser maior ou menor, o rendimento potencial esperado para você conseguir viver de renda, etc. Mesmo assim, já é possível ter uma ideia do que é viável atingir seguindo o método.

 

Para ficar mais claro, vale dizer que esses valores de 4% a 6% ao ano são relativos ao potencial de renda oriunda dos dividendos. São taxas anuais porque é assim que funciona quando estamos lidando com dividendos. Ou seja, é aquele valor que você receberá de renda passiva mensal sem comprometer o patrimônio. Mas não se preocupe, essa ideia vai ficar ainda mais clara conforme você avança na leitura do livro.

 

Dito isso, talvez você possa pensar que esses resultados expressivos com as ações foram obra do acaso, e que foi questão de sorte essas 5 empresas terem superado em muito o CDI. Mas isso não é verdade.

 

Conforme você já aprendeu, as boas empresas devem obter um retorno maior do que o oferecido pela renda fixa, porque, caso contrário, não haveria incentivo à produção de bens e serviços no país. Os empresários não teriam o incentivo de empreender e colocariam seus recursos na renda fixa. Logo, é esperado que o retorno do capital aplicado em negócios, ou seja, em empresas, supere o retorno do investimento em renda fixa.

 

E, para ter sucesso como investidor, você deverá possuir ações de companhias que atendam aos critérios de qualidade do método KISS. Na realidade, o método KISS não tem nada de mágico ou secreto, porque na verdade não existe segredo nenhum para enriquecer com ações. Basta você permanecer o maior tempo possível com ações de boas empresas. A consequência disso é o crescimento do seu patrimônio. 

 

Mas afinal, quanto você pode esperar de retorno investindo em ações? Para você ter uma ideia do que é possível, fiz um estudo que mediu o retorno anualizado da IBOVESPA, da Ambev e do Banco do Brasil em períodos de 1, 2, 3, 5, 10, 15 e 20 anos.

Podemos concluir que, com o passar do tempo, o seu retorno anualizado médio vai convergindo para uma taxa de cerca de 20% ao ano com ações de boas empresas, ao passo que, no longo prazo, a Ibovespa tende a te dar uma rentabilidade de 10% ao ano.

 

Isso porque, no longo prazo, a cotação acompanha os lucros e o patrimônio líquido da empresa, e empresas lucrativas aumentam o seu patrimônio com o passar dos anos. Assim, você é recompensado com o crescimento do preço das suas ações – lembrando que a sua medida de riqueza é composta pela quantidade de ações multiplicada pelo preço da ação. Perceba que a conta é elementar. Quanto maior a sua quantidade de ações e maior o preço das suas ações, maior é o seu patrimônio.

 

Além disso, como você viu, a sua renda passiva de dividendos também tende a crescer conforme você acumula mais patrimônio. Assim, a sua tarefa como investidor KISS é ter a disciplina de investir regularmente e diversificar o seu patrimônio em excelentes companhias. 

ANALOGIA

Como saber se você está no caminho certo seguindo esses pilares? Você faz o seguinte: coloca a mão na água e experimenta. Se ela estiver salgada, você está no caminho certo. Se estiver doce, você está no caminho errado. Como assim, André? Tá maluco? Do que você está falando? 

 

Confesso que sempre fui fascinado pelas histórias das grandes navegações lá do século 15 e 16, daqueles exploradores que cruzavam os mares. E tem um fato curioso que me chamou a atenção em um relato que li no livro Além do fim do mundo, que conta a história da primeira circum-navegação realizada pelo navegador português Fernão de Magalhães. Talvez você se recorde deste nome da época da escola.

 

Naquela época, em 1517, já se sabia que existia uma rota pelo oeste para chegar às Índias, mas ninguém sabia exatamente onde ficava essa passagem, em qual altura do continente. Então, a frota comandada por Magalhães desceu pela costa da América do Sul procurando a entrada para o outro lado, que daria, supostamente, no Oceano Pacífico. Em toda enseada, eles tentavam verificar se ali era a passagem, e o sinal que indicava se eles estavam realmente no caminho certo era o seguinte: se a água continuasse salgada enquanto eles entravam, era um sinal positivo; se água fosse doce, era sinal de que eles estavam entrando na foz de um rio. 

 

A primeira tentativa importante que eles acreditaram ser a passagem para o outro lado foi a foz do Rio da Prata, que divide a Argentina do Uruguai hoje, entre Buenos Aires e Montevidéu. Eles começaram a entrar empolgados, mas logo perceberam que a água era doce e a profundidade era rasa. E assim foram várias tentativas até chegar no extremo sul do continente. Bem lá embaixo, eles começaram a entrar e daí sim perceberam que a água continuava salgada e tinha profundidade. Logo, eles haviam encontrado a passagem que mais tarde ficou conhecida como Estreito de Magalhães. Finalmente, era o caminho que cruzava o Oceano Pacífico sem precisar contornar a África.

 

No caso do investidor KISS, tudo o que você precisa para saber se está no caminho certo é verificar se está seguindo os três princípios do método.

 

– Você está investindo regularmente em ações de boas empresas?

– Você está reinvestindo os dividendos?

– E por fim, você está diversificando adequadamente?

 

Se a resposta é sim para as 3 perguntas, você está no caminho certo. A água é salgada. É só continuar em frente que mais cedo ou mais tarde você vai chegar no seu destino.

Conteúdo Extra - Página 295

O REINVESTIMENTO DOS DIVIDENDOS NA PRÁTICA

Para que você veja que o exemplo do Bradesco (mostrado no livro) não foi um caso isolado, apresento a seguir uma simulação as ações de mais três empresas, num período de 15 anos que vai de 2004 até 2019, considerando um investimento inicial de 10 mil reais.

 

Vamos começar pela Ambev, empresa do setor de bebidas. Veja que o investimento inicial de somente R$ 10 mil em 2004 teria se transformado em R$ 40 mil em 2019. Se você tivesse reinvestido os dividendos, teria aumentado para R$ 69 mil. Agora, se tivesse aportado R$ 1 mil todos os meses, esse valor saltaria para R$ 752 mil. Aportando R$ 2 mil por mês, somaria R$ 1,5 milhão, e se aportasse R$ 3 mil mensais, você teria acumulado um total de R$ 2,2 milhões em 15 anos.

Agora, o caso das Lojas Americanas, do setor de varejo. O investimento de R$ 10 mil em 2004 teria se transformado em R$ 126 mil em 2019. Se você tivesse reinvestido os dividendos, teria aumentado para R$ 142 mil. Agora, se tivesse aportado R$ 1 mil todos os meses, esse valor saltaria para R$ 976 mil. Se fosse R$ 2 mil por mês, seria R$ 1,9 milhão, e se você aportasse R$ 3 mil mensais, teria acumulado um total de incríveis R$ 2,9 milhões em 15 anos.

Para finalizar, veja o caso da Klabin, do setor de papel e celulose. Perceba que o investimento inicial de somente R$ 10 mil em 2004 teria se transformado em R$ 34 mil em 2019. Se você tivesse reinvestido os dividendos, teria aumentado para R$ 65 mil. Agora, se tivesse aportado R$ 1 mil todos os meses, esse valor saltaria para R$ 917 mil. Se fosse R$ 2 mil por mês, seria R$ 1,8 milhão, e se fosse R$ 3 mil de aportes, você teria acumulado um total de R$ 2,7 milhões em 15 anos.

 

Apesar desses números chamaram a atenção, talvez você possa estar se perguntando como teria sido se tivesse realizado essa mesma simulação com investimento numa aplicação de renda fixa que paga 100% do CDI. 

 

Essa é uma comparação justa e pertinente, já que nos últimos anos a taxa Selic foi bastante elevada e foi o destino das economias de muitos investidores, especialmente daqueles mais conservadores que ainda se sentiam inseguros para investir em ações.

Nesse caso, o investimento inicial de R$ 10 mil sem aportes teria acumulado R$ 52 mil. Com aportes de R$ 1 mil, o resultado seria de R$ 448 mil. Se fosse R$ 3 mil de aportes, o total atingido teria sido de R$ 793 mil. Você deve concordar que essa não é uma quantia pequena, certo? Mas é bem abaixo dos R$ 2 milhões que as 4 ações conseguiram atingir no mesmo período.

 

Assim, fica nítido que, a cada aplicação de um dos princípios, existe um incremento no patrimônio acumulado final. E isso não é por acaso. Cada um deles tem a sua finalidade para o processo de criação de riqueza com ações. 

RELATO

Quando falamos sobre reinvestimento de dividendos, eu sempre lembro da história do Willian Wohlers, que começou do absoluto zero e conquistou a liberdade financeira em 10 anos e 5 meses.

 

E sabe o que é incrível? É que ele seguiu os mesmos princípios que você está aprendendo aqui, comigo. E a história dele é bem interessante porque ele era uma pessoa comum, era feirante no interior de São Paulo.

 

Ele conta que já tinha ouvido falar sobre investimentos, mas achava que a Bolsa de Valores era arriscada, que somente especialistas conseguiam ganhar e que era necessário muito dinheiro para começar – coisas que muitos ainda tendem a acreditar. Entre seus clientes, estava Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores do país atualmente. Naquela época, Willian conta que nem sabia quem era Luiz Barsi. Para ele, era só um cliente que ficava dando conselhos de educação financeira.

 

Em 1999, Barsi apresentou uma proposta para Willian começar a investir em ações, perguntando se ele ficaria vendendo ovos para o resto da vida, se era aquela a vida que ele queria, ou se queria uma vida diferente, com maior qualidade. Willian achava aquilo muito difícil e arriscado, tanto que somente 5 anos depois ele despertou para a oportunidade que realmente transformou a sua vida. Ele resolveu ir atrás de conhecimento e informações. E em um desses cursos, ele descobriu que Luiz, aquele cliente da feira, era um megainvestidor. 

 

Isso lhe deu ainda mais força para continuar estudando e aportando dentro da teoria defendida por Luiz Barsi Filho, seu grande mentor. Willian reorganizou sua vida financeira e passou a destinar 10% do que ganhava para investir todo mês.

 

E olha só que incrível: o método que Willian usou para alcançar a liberdade financeira se assemelha muito com o método KISS. Ele até costuma dizer que o segredo é disciplina, foco e aportes consistentes aliados a uma visão de longo prazo, assim como você está aprendendo. O legal é que ele também enfatiza que sempre reaplicou os dividendos, que no começo chegava a ser angustiante ver somente centavos caindo na conta, mas que, toda vez que você reaplica, isso vira uma bola de neve. E foi o que aconteceu. Hoje, Willian tem total liberdade financeira e é uma grande inspiração para todos nós do GuiaInvest.